Após uma década marcada pelo crescimento económico, somos agora confrontados com uma inflação descontrolada, uma escalada dos preços que tem consequências diretas no custo de vida. Para além dos preços dos bens de consumo terem disparados, o custo energético disparou para valores inesperados agravando ainda mais a situação das famílias. O Estado interveio, apresentou o seu programa de 2400 milhões de euros para apoiar as famílias. Estamos perante uma situação económica atípica, urge tomar medidas vários níveis.
A Guerra da Ucrânia arrasta consigo um grande peso sobre toda esta conjuntura económica, tendo a 18 de maio, a Comissão Europeia apresentado o seu plano para reduzir drasticamente a dependência dos combustíveis fósseis russos e acelerar a ecoeficiência.
As medidas do Plano REPowerEU respondem a essa ambição, através da economia de energia, diversificação do fornecimento de energia e implantação acelerada de energia renovável para substituir os combustíveis fósseis em residências, indústria e, na criação de energia. Segundo o plano, a transformação verde fortalecerá o crescimento económico, a segurança e a ação climática para a Europa.
(Estruturas em alumínio - Extrusal ProSolar)
A economia de energia é a maneira mais rápida e eficaz de enfrentar a atual crise de energia e reduzir o peso da fatura. Além disso, a Comissão propõe o reforço das medidas de eficiência energética a longo prazo, incluindo um aumento de 9% para 13% da meta vinculativa de eficiência energética ao abrigo do pacote «Fit for 55» da legislação europeia do Pacto Ecológico.
Economizar energia ajudará a prepararmo-nos para os desafios potenciais do próximo inverno. Por conseguinte, a Comissão também publicou uma «Comunicação sobre a economia de energia da UE» detalhando as mudanças comportamentais a curto prazo que podem reduzir o consumo de gás e petróleo em 5% e incentivando os Estados-Membros a iniciarem campanhas de comunicação específicas dirigidas às famílias e à indústria. Há incentivos para os estados-membros adotarem medidas de redução de IVA e encargos fiscais em prol da poupança de energia (como taxas reduzidas de IVA sobre sistemas de aquecimento energeticamente eficientes, isolamento de edifícios e aparelhos e produtos eficientes) e para o desenvolvimento de uma estratégia para a energia solar que visa duplicar a capacidade fotovoltaica instalada até 2025 são outras medidas abordadas no plano.
A introdução de painéis solares, tanto no setor doméstico como industrial, é uma das medidas abordadas para combater esta crise energética. No âmbito do REPowerET, a Comissão Europeia propôs uma alteração ao EPBD, a qual passa pela obrigatoriedade de todos os Estados-Membros assegurarem que os edifícios novos sejam concebidos de forma a potencializar a criação de energia solar. A obrigatoriedade poderá chegar aos edifícios novos públicos e comerciais com uma área superior a 500m2 a partir de 2027, em 2028 a todos os edifícios que com área superior a 500m2 e a partir de 2030 a todos os edifícios residenciais novos.
“Levar as famílias e as empresas a adotarem um comportamento de autoconsumo tornando-se autossuficientes é uma realidade cada vez mais real e necessária." Defende Filipe Pereira, gestor de projetos da Extrusal ProSolar, área de negócio da Extrusal vocacionada para a conceção de estruturas em alumínio para painéis solares. “Temos assistido a um grande crescimento do mercado das energias renováveis sobretudo na área dos painéis solares e fotovoltaicos. O nosso volume de negócio cresceu exponencialmente comparativamente com o período homólogo do ano transato. A procura de fontes de energia alternativas por parte das empresas e dos consumidores tem aumentado com a guerra da Ucrânia e com o aumento generalizado dos preços da energia. A energia solar é sem dúvida uma alternativa 100 ecológica e sustentada. O Estado tem apresentado iniciativas nesse sentido. O Programa de Apoio Edifícios + Sustentáveis apresenta um conjunto de apoios das quais destaco o apoio de até 85% do montante investido na instalação de sistemas solares. Por outro lado, temos também a redução do IVA para 6% para os sistemas solares”.
Atendendo ao poder de compra cada vez mais reduzido das famílias, um investimento de 1500€ a 2500€ (para o consumo médio de uma família composta por 4 pessoas) para a instalação de painéis solares/fotovoltaicos pode implicar uma taxa de esforço muito elevada, atendendo que o retorno do investimento é somente alcançável a 3 anos, no caso dos painéis solares térmicos, e a 5 anos para os painéis fotovoltaicos. Contudo, existem no mercado várias soluções contratuais que permitem o pagamento do investimento em sistemas solares por prestações, tendo sido esse o “escape” de muitas famílias.
“Coloca-se aqui uma outra questão. Para além da instalação de sistemas que gerem energia solar, torna-se necessário ir um pouco além. Temos um clima fantástico para as soluções solares. Contudo, torna-se essencial que toda a energia produzida seja armazenada – ela é produzida durante o dia. Para tal, e à semelhança do que já acontece na Suíça e na Alemanha, é estritamente necessário a aquisição de baterias para armazenamento da energia originada durante esse período. Numa habitação, o maior consumo de energia é realizado à noite, altura em que não é gerada energia. Por outro lado, e assistindo-se também ao crescimento do consumo de veículos elétricos, recorrer a energia armazenada, será uma forma de acelerar o retorno do investimento e fomentar a poupança das famílias.“ defende Filipe Pereira. “No domínio empresarial, as vantagens são também inúmeras. A indústria não depender de terceiros para a obtenção da sua energia, nem estar sujeita às inflações ou crises com as quais nos deparamos hoje é uma grande vantagem competitiva. Revestir telhados ou fachadas com sistemas solares, tornam as empresas autossuficientes, para além de contribuir para a preservação ambiental e do ecossistema.” conclui Filipe Pereira.
O recurso a energia solar será uma das medidas para chegarmos a 2050 descarbonizados. Mas ainda há muito trabalho pela frente. Potenciar edifícios sustentáveis passará também por envolver a renovação da envolvente passiva do edificado e dos equipamentos interiores. De pouco servirá termos implementado sistemas solares geradores de energia, se descuramos a eficiência energética dos edifícios e equipamentos. Deve ser equacionado não somente a criação de energia solar assim como, a menor necessidade de consumo dessa mesma energia através de habitações, equipamentos, maquinaria e processos mais eficientes. Mudar mentalidades e hábitos de consumo tornam-se imprescindíveis para que todos consigamos atingir a neutralidade carbónica em 2050.